Com a correria do dia a dia, nada como pegar um alimento já preparado, colocar no forno de micro-ondas, apertar os três minutos, e… Pronto! Temos uma refeição quentinha. Quanta facilidade, não? O fato da praticidade é inquestionável, mas quais serão os possíveis riscos da utilização desse aparelho à nossa saúde?
O forno de micro-ondas surgiu no Brasil em 1980, e por ser relativamente recente, existe muita controvérsia sobre seus potenciais prejuízos ao valor nutricional dos alimentos, e à saúde. Os estudos realizados ainda não são conclusivos, mas também não há relatos assegurando que o micro-ondas seja inofensivo(1).
Este eletrodoméstico funciona basicamente através da emissão de ondas eletromagnéticas que penetram na superfície dos alimentos (2 a 4 cm), e provocam atrito entre as moléculas de água, fazendo-as vibrar. Essa vibração é a responsável por gerar o aquecimento, e posterior cozimento (2).
No entanto, esse processo modifica a estrutura de determinados nutrientes, ocasionando perda dos mesmos de forma mais significativa do que outros métodos de cocção, como cozimento em água, em forno convencional, e em grelha(3). É evidente que realizar uma refeição balanceada, recém-preparada no vapor ou cozida, é a escolha mais nutritiva e saudável. Mas, infelizmente, essa prática muitas vezes, não é a realidade de boa parcela da população. Assim, se a pressa apertar e a conveniência falar mais alto, seguem algumas dicas importantes quando for necessário recorrer ao forno micro-ondas:
RECIPIENTE
Utilize somente materiais próprios para micro-ondas, como vidro, cerâmica, ou plástico específico que contenha o selo permitido. Os demais plásticos derretem com o calor e liberam substâncias altamente tóxicas, como dioxina e furano. As ondas que aquecem o alimento são refletidas pelo metal, portanto utensílios metálicos ou louça com filetes dourados/prateados podem causar acidentes.
FORMATO DO RECIPIENTE
Redondo: Uso em geral; Retangulares e Inclinados: Evite. Nas partes mais finas, como nas bordas ou lado mais baixo, pode ocorrer cozimento extra. Raso: Alimentos distribuídos uniformemente e em recipiente raso cozinham mais rápido. Anel: bolos ou pudins, uma vez que facilita a penetração das ondas nas partes superior e inferior, laterais e centro; Tampa: Lembre-se sempre de tampar o recipiente para reter o vapor; facilitar o cozimento; e evitar que o alimento espirre.
ALIMENTO
Porções menores cozinham mais rapidamente. Corte o alimento em pedaços uniformes para acelerar o cozimento. Distribua as partes mais finas voltadas para o centro do recipiente e as mais grossas para fora, onde haverá maior recepção de energia.
MATENHA DISTÂNCIA As ondas emitidas pelo micro-ondas são conservadas em seu interior pelo metal que o reveste, mas existe a possibilidade de certa dispersão. Assim, aconselha-se manter distância do aparelho em funcionamento.
OVOS
Antes de cozinhar os ovos, deve-se retirar a casca e furar a gema com um garfo, para evitar que exploda. Existem recipientes próprios para tal, mas também se pode utilizar uma xícara ou tigela de vidro, sempre tampados para não espirrar.
PIPOCA e FAST-FOOD
Certos estudos advertem que as embalagens de pipoca de micro- ondas ou de fast-foods contêm substâncias químicas, como o ácido perfluoroctanóico (PFOA), que podem gerar disfunções na glândula tireoide, e infertilidade em mulheres (4);(5). O micro-ondas provoca a evaporação do PFOA, que se adere ao alimento e se acumula no sangue, gerando toxicidade (4). Uma alternativa à pipoca é colocar milho para pipoca numa vasilha grande e funda de vidro, com uma colher de sopa de água filtrada. Tampe e leve ao micro-ondas por 3 a 5 minutos (dependendo da potência).
RECOMENDAÇÕES DO INMETRO: Não ligue o forno de micro-ondas se ele estiver vazio. Recomenda-se a utilização de um copo com água no seu interior quando ele não estiver em uso, caso o forno seja acionado acidentalmente; Não utilize o forno se a dobradiça, o trinco ou a vedação da porta estiverem danificados; Use sempre luvas térmicas para retirar os alimentos de dentro do forno para evitar queimaduras; Alimentos com pele, casca ou membrana, como tomate, batata, salsicha, pimentão, etc., devem ser perfurados com um garfo antes de irem ao forno, pois poderão explodir; Embalagens totalmente fechadas não devem ser aquecidas no forno, pois poderão explodir; Alimentos com pouca umidade, como amendoim, pão, etc., não devem ficar muito tempo dentro do forno, pois poderão inflamar-se. Se isso acontecer, retire o plugue da tomada e mantenha a porta do forno fechada até que a chama se apague; Não coloque qualquer objeto entre a porta e o batente do forno, nem permita que resíduos de alimentos ou outros detritos acumulem-se nas superfícies das travas de segurança para não prejudicar a vedação do forno; Quando aquecer alimentos para bebês e crianças, como mamadeiras, por exemplo, certifique-se de que a temperatura do alimento esteja adequada antes de servi-lo, evitando o risco de queimaduras; No aquecimento de líquidos, é possível que ocorra o fenômeno da erupção retardada, ou seja, alguns segundos após o término da operação, o líquido pode entrar em ebulição, em função do choque térmico, espirrar e causar queimaduras; O prato giratório faz parte do seu forno micro-ondas, e não deve ser retirado. Ele é de vidro temperado e pode ser retirado para lavar.
Autora: Nutr. Tatiana Sadalla Collese
REFERÊNCIAS:
MICHAELSON, S. Health implications of exposure to radiofrequency /microwave energies. International Journal of Industrial Medicine, 1982; 39(2). Acesso em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1008955/pdf/brjindmed00058-0001.pdf
SUN, T; JIANG, B; PAN, B. Microwave Accelerated Transglycosylation of Rutin by Cyclodextrin Glucanotransferase from Bacillus sp. SK13.002. International Journal of Molecular Science. 2011; 12 (6). Acesso em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3131590/pdf/ijms-12-03786.pdf
ROSA, F; et al . Efeito de métodos de cocção sobre a composição química e colesterol em peito e coxa de frangos de corte. Ciênc. agrotec. Lavras; 2006; 30 (4). Acesso em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-70542006000400017&lng=en&nrm=iso>.
CHICHIZOLA, C; et al. Disruptores endócrinos y el sistema reproductive. Revista Bioquimica y Patologia Clinica. 2009; 73 (3). Acesso em: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/651/65121026002.pdf
D’EONAND, J; MABURY, S. Production of Perfluorinated Carboxylic Acids (PFCAs) from the Biotransformation of Polyfluoroalkyl Phosphate Surfactants (PAPS): Exploring Routes of Human Contamination. Environ. Sci. Technol. Toronto, Canadá, 2007; 41, p. 4799-4805. Acesso em: http://www.chem.utoronto.ca/coursenotes/CHM310/notes/Deon_n_Mabury_ES&T.pdf
BRASIL. Inmetro: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Forno de Microondas. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/microondas.asp#>. Acesso em: 03/09/2012.