A influência do sono na obesidade

A redução do tempo de sono se tornou um hábito na atualidade, graças ao novo padrão da sociedade moderna onde o ritmo acelerado e a tecnologia junto com a iluminação artificial roubam preciosas horas de descanso. Segundo dados da Associação Brasileira do Sono, hoje, um adulto saudável dorme 7 horas por noite, porém, há 50 anos, eram nove.

SonoDormir bem significa ter melhor rendimento nas atividades, bom humor, prevenir doenças e até mesmo auxiliar na regulação do peso. Indivíduos que possuem sono inadequado apresentam maior prevalência de obesidade. Apesar de não sabermos todos os mecanismos que estão envolvidos nesse processo, sabe-se que as alterações no sono influenciam o apetite, a saciedade e a ingestão alimentar.

A modificação do padrão do sono pode desajustar o sistema endócrino (regulação hormonal), reduzindo a leptina, responsável pela saciedade, e aumentando a grelina, hormônio responsável pela sensação de fome. O maior tempo acordado auxilia no aumento da ingestão de alimentos, pois há maiores possibilidades de refeição no período. Concomitantemente, a privação de sono resulta em cansaço e menor vontade para o gasto energético e prática de atividade física.

Outra consequência é a maior preferência por alimentos mais calóricos, com alta quantidade de carboidratos como doces, biscoitos, salgados e tubérculos ou lanches rápidos. É praticamente um ciclo vicioso, pois a privação de sono além de aumentar a o apetite predispõe ao consumo de alimentos com baixa qualidade nutricional. Portanto, nada melhor do que uma boa noite de sono para cuidar do corpo.

Cálcio e sua influência no ganho de peso.

O cálcio é o mineral mais comum no organismo humano e possui diversas funções como: constituição de ossos e dentes, auxilia  na coagulação sanguínea, atua na liberação de neurotransmissores, na contração muscular e na liberação de insulina.

Além dessas atividades, o cálcio tem sido estudado por sua ação relacionada ao controle de peso. Segundo as pesquisas mais recentes, o cálcio interfere no desenvolvimento das células de gordura, os adipócitos. O consumo deficiente deste nutriente pode causar um desequilíbrio, aumentando a produção de gorduras que serão armazenadas no fígado e no tecido adiposo. O cálcio também pode se ligar aos ácidos graxos, diminuindo sua absorção. E finalmente, existe a possibilidade de sua participação na regulação da temperatura corporal, aumentando a termogênese.

Por todos esses fatores, o cálcio tem sido apontado por efeitos antiobesidade.

Recomendação de ingestão diária de cálcio, segundo as DRIs (Dietary Reference Intakes):

 

Faixa etária Recomendação de
Cálcio  (mg/d)
Homens Mulheres
0-6 meses 210 210
7-12 meses 270 270
1-3 anos 500 500
4-8 anos 800 800
9-13 anos 1300 1300
14-18 anos 1300 1300
19-50 anos 1000 1000
Acima de 51 anos 1200 1200

Lembre-se, os alimentos fontes de cálcio são leite e derivados, como yogurts e queijos, alguns vegetais de folhas escuras (agrião, espinafre, couve e rúcula) e alguns peixes (sardinha  e pescada).

 

Vamos falar de obesidade em números e nas alternativas viáveis…

O excesso de peso e a obesidade aumentaram nos últimos seis anos no Brasil, é o que aponta dados do Ministério da Saúde. De acordo com o levantamento, a proporção de pessoas acima do peso no Brasil avançou de 42,7%, em 2006, para 48,5%, em 2011. No mesmo período, o percentual de obesos subiu de 11,4% para 15,8%.

O aumento de pessoas obesas e com excesso de peso atinge tanto a população masculina quanto a feminina. Em 2006, 47,2% dos homens e 38,5% das mulheres estavam acima do peso ideal. Agora, as proporções subiram para 52,6% e 44,7 %, respectivamente. O envelhecimento também tem forte influência nos indicativos femininos. Um quarto das mulheres entre 18 e 24 anos está acima do peso (25,4%). A proporção aumenta 14 pontos percentuais na próxima faixa etária (25 a 34 anos de idade), atingindo 39,9% das mulheres, e a que mais que dobra entre as brasileiras de 45 a 54 anos (55,9%).

A obesidade é um forte fator de risco para saúde e tem forte relação com altos níveis de gordura e açúcar no sangue, excesso de colesterol e casos de pré-diabetes. Pessoas obesas também têm mais chance de sofrer com doenças cardiovasculares, principalmente isquêmicas (infarto, trombose, embolia e arteriosclerose), além de problemas ortopédicos, asma, apneia do sono, alguns tipos de câncer, esteatose hepática (gordura n fígado) e distúrbios psicológicos.
De certa forma, cinco pontos são importantes e resolutivos para tratar a obesidade:

– Educação nutricional nas escolas
Inserir educação nutricional, atividades interativas como hortas e culinária básica;

– Tratar a obesidade nas unidades de saúde
Regulamentar a obrigatoriedade de pesar todo e qualquer paciente que procura a unidade de saúde, na identificação de obesidade, criar grupos educacionais, encaminhar para consultas específicas e fornecer material impresso e educativo;

– Aumentar o período de atividade física nas escolas
Abrir as escolas nos finais de semana, aumentar a carga horária de esporte, criar campeonatos e maratonas esportivas entre escolas, privilegiar, segundo modelos americanos, o esportista com melhores posições nas escolas, melhor possibilidade de vagas;

– Criar opções saudáveis nas cidades.
Estimular, padronizar e normatizar as barracas de frutas em ruas de movimento, aumentando o consumo e reduzindo a utilização de fast food.

– Estimular pratica de gastronomia saudável
Desenvolver receitas baseadas nas preferencias populares e utilizadas no cotidiano da população, reduzir impostos de alimentos relacionados com hábitos saudáveis. A parceria com a indústria alimentícia pode ser uma boa alternativa

Obesidade também esta envolvida com aumento de custos na saúde…

O texto abaixo esta inserido dentro das inúmeras considerações sobe obesidade, foi desenvolvido dentro do conceito de “Obesidade Zero” e hoje faz parte de inúmeros projetos de saúde e de legislação.

“As ações de promoção à saúde devem ser adotadas por hospitais públicos e privados para a prevenção de doenças crônicas e melhoria da qualidade de vida do brasileiro. É preciso investir em educação nutricional no currículo escolar e ações de mídia. Tratar a obesidade nas unidades básicas de saúde, ver o obeso como doente, e investir em programas de prevenção”

O aumento da medida da circunferência da cintura é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares (que matam 17 milhões de pessoas por ano no mundo). O sobrepeso e a obesidade são calculados pelo índice de massa corporal (IMC), obtido pela divisão do peso em quilos pela altura em metros ao quadrado. Um IMC acima de 25 representa sobrepeso e acima de 30, obesidade.
Pensar obesidade é entende-la dentro de um contexto universal, nesse sentido, pensar obesidade e observar que a redução dos obesos na população pode reduzir os gastos de saúde, o obeso permanece mais tempo internado, possui maior possibilidade de complicações e onera todo o tratamento médico quando internado nas unidades de saúde.

A obesidade nos Estados Unidos consome todo ano pelo menos R$ 367 bilhões ( US$ 215 bilhões) dos cofres do país. Esse é o montante gasto pelos americanos com despesas médicas, com a perda de produtividade que o distúrbio provoca e, também, com gastos adicionais para transportar as pessoas obesas.
De acordo com os pesquisadores, os custos médicos aumentaram na última década e devem seguir aumentando pois a proporção de obesos nos Estados Unidos ainda está crescendo.
O levantamento mostra que os custos médicos ligados à obesidade adulta superam em R$ 250 bilhões (US$ 147 bi) o valor gasto com os adultos de boa saúde. No caso das crianças obesas, o custo excedente é de R$ 24 bilhões (US$ 14,3 bi).
Além dos gastos vinculados diretamente à obesidade, esse distúrbio provoca ainda custos em termos de perda de produtividade, além de também causar a morte prematura de algumas pessoas.

De acordo com Ross Hammond e Ruth Levine, do Brookings Institution, os custos totais em termos de produtividade são significativos, “chegando talvez aos R$ 112 bilhões (US$ 66 bilhões) anuais nos Estados Unidos”.
Os gastos com transporte também foram considerados, já que o peso dos passageiros obesos prejudica as companhias aéreas.

O aumento da massa corporal entre os americanos significa mais combustível e, potencialmente, veículos maiores para transportar, a cada ano, a mesma quantidade de pessoas que se dirigem ao trabalho ou viajam. Isto gera custos diretos (em forma de um consumo maior de combustível), mas também custos indiretos potenciais, em forma de emissões adicionais de gases de efeito estufa.
E, da mesma forma que a obesidade aumenta em todos os países, aumentam tambem os cálculos dessa epidemia atual…

 

O comportamento social frente aos obesos pode atuar nas estratégias de marketing nutricional?

Um estudo feito nas capitais de SP e RJ, onde foram avaliadas 600 pessoas mostra a relação do conhecimento e do comportamento social sobre a obesidade.
O estudo tem como objetivo principal conhecer o comportamento social em relação à obesidade, e com isso identificar tendências de consumo e de mercado, além de hábitos de compras de alimentos da população.
Foram investigados na pesquisa alguns comportamentos em relação à obesidade, onde foram questionados: sucesso profissional, relação matrimonial, pratica e escolha de esporte, além de perguntas diretas como: Você se casaria com um gordo? E Obesidade é uma doença?

Os resultados da pesquisa mostram que de todos entrevistados 81% acham que a obesidade interfere no sucesso profissional e 78% na relação matrimonial.
61% dos avaliados responderam que a obesidade é uma doença, sendo que desse total as mulheres são a maioria.
18% dos entrevistados consideram a obesidade com doença quando acompanhada de outro distúrbio metabólico.

Com base nesse estudo podem-se adotar medidas de atenção nutricional para controle e prevenção da obesidade, com políticas de saúde como: orientação nutricional e alimentação saudável.

Referências sobre a obesidade no Talmude

No Talmude – o “estudo” enciclopédico da lei judaica, que contém as opiniões e ensinamentos dos antigos sábios judeus baseados nas interpretações dadas aos relatos da Tora, os cinco primeiros livros do Antigo Testamento, compilado durante o período de 300 a. C. até 500 a. C. – há diversas citações sobre obesos e obesidade.
A mais relevante é o relato da cirurgia a que foi submetido o rabino Eleazar, famoso pela sua obesidade. Ele foi levado para uma casa cujas paredes eram todas em mármore branco, o que possibilitava maior limpeza para o ato cirúrgico. Para suportá-la, foi lhe administrada uma poção soporífica; o seu enorme abdome foi aberto e de dentro foram retiradas numerosas cestas de gordura. Não há relato de quem fez a cirurgia, como o rabino se recuperou e se voltou ou não à vida normal. Está é, sem dúvida, a primeira referência à obesidade visceral e à cirurgia como terapêutica. Há outra menção, da mesma época, quanto a esse tipo de procedimento, quando uma operação semelhante foi realizada no filho obeso do cônsul Lúcio Apronius e relatada por Plínio.
Outra situação do Talmude sobre a obesidade conta que o rabino Eleazar Ben Simeon e seu pai, o também rabino Simeon Yochai, fugiram das autoridades romanas da Galiléia e viveram escondidos numa caverna por um período de 13 anos comendo somente tâmaras e poucas frutas. Embora a dieta fosse frugal, o rabino Eleazar e seu pai engordaram, tornando-se obesos. Eles certamente não observaram que dentro da caverna a atividade física era muito restrita….

Obesidade como doença e com diretrizes de tratamento no período greco-romano

As complicações que a obesidade traz à saúde humana estão claramente descritas nos estudos médicos do período greco-romano. Nos textos hipocráticos, está descrito que a morte súbita era muito mais freqüente nos pacientes gordos que nos magros. Os mesmos escritos referem que as mulheres gordas eram menos férteis que as magras, sendo esta infertilidade atribuída às dificuldades na cópula e ao acúmulo de gordura fechando a entrada do útero e impedindo a admissão dos líquidos seminais. Hipócrates preconizava que o obeso, para emagrecer, deveria fazer uma quantidade de exercícios depois de alimentar-se, deveria comer uma só vez ao dia, não tomar banho, dormir em uma cama dura e caminhar desnudo a maior parte do tempo.

 No mundo romano, a obesidade era vista como uma doença social e moral capaz de derrubar tiranos e aviltar até os patrícios mais ricos. O gordo era considerado, de modo geral, uma pessoa de má índole ou boba.

 A obesidade era atribuída a Pletora, sangue que era transformado em gordura ao invés de transformar-se em sangue menstrual ou sêmen.
De forma semelhante, o fator congênito, familiar, como o estilo de vida, estavam implicados no aparecimento e evolução da enfermidade. A mulher, “por ser úmida e mais fria do que o homem e por ser confinada a casa”, era mais propensa à obesidade, embora o homem que bebesse muito vinho e comesse em demasia também fosse considerado de risco. Os pacientes procuravam auxílio somente por razões estéticas.

 Os médicos, por seu lado, reconheciam que a obesidade era uma doença grave, de difícil tratamento, que diminuía a expectativa de vida e dificultava a fertilidade em ambos os sexos. O tratamento preconizado na época consistia em uma dieta especial de alimentos com baixas calorias: pão de cevada, vegetais verdes e restrição da quantidade de líquidos e da comida, o gordo era também encorajado a fazer exercícios e banhar-se várias vezes ao dia. Embora a obesidade fizesse parte do contexto da medicina daquela época, ela, como até hoje, tinha uma conotação de desprezo, não sendo levada suficientemente a sério, a tal ponto de os médicos romanos não costumarem pesar seus pacientes obesos, o que impediu uma abordagem mais objetiva, tanto no diagnóstico como no acompanhamento dos resultados obtidos na época.

 Galeno, considerado o maior médico da Antiguidade (século II), tendo escrito mais de 125 tratados médicos, discorrendo sobre os mais variados aspectos da arte (anatomia, fisiologia, higiene e terapêutica) identificou e descreveu dois tipos de obesidade: a moderada e a imoderada. A primeira, uma forma natural de gordura, e a segunda, uma forma patológica. No seu livro, De Sanite Tuenda, Galeno diz: “A arte de evitar a gordura e manter a boa saúde é ser obediente, pois nos desobedientes , isto é impossível”.
Essa observação reflete o pensamento de Galeno e de muitos médicos da atualidade, que veem na obesidade um distúrbio de personalidade do indivíduo.

 

 

O manejo da obesidade no Império Bizantino

Quando João VI Cantecuzenus, imperador de Bizâncio entre 1347 e 1345, abdicou e tornou-se monge, escreveu as suas memórias, que ficaram registradas no livro Historiae Byzantinae do qual ressaltamos o seguinte relato: “Gavelas, um nobre rico do império, teve problemas para casar com a sua prometida que o rejeitou  por achá-lo gordo e flácido. O noivo, desesperado e inconformado, mandou vir da Itália um médico famoso que lhe cobrou uma grande soma. Sob a orientação desse médico, Gavelas abandonou todos os seus afazeres e responsabilidades para dedicar-se exclusivamente a seguir suas instruções: banhos, drogas energéticas e purgativos, exercícios e uma dieta restritiva. Ele perdeu peso, enfraqueceu, porém conseguiu casar-se com a sua amada”.

Os médicos bizantinos descreviam a obesidade como conseqüência de uma dieta farta, falta de exercícios e mudanças de humor. Ao obeso era recomendada uma dieta rica em vegetais, frutas, peixes e aves, e proibidas carnes vermelhas, os crustáceos, pão, queijo e vinho. Os exercícios e os banhos termais eram mais recomendados, pois faziam suar e, com isso, contribuíam para a perda de peso.

A obesidade na medicina chinesa

Não se sabe ao certo se é história ou mitologia que o Império Chinês tenha sido fundado por três imperadores celestiais, por volta do ano 2000 A. C. Durante seus 100 anos de reinado, Huangt, o último dos três, favoreceu seu povo com um grande número de avanços tecnológicos e culturais, tais como: a roda, o magnetismo, um observatório astronômico, o calendário e o “Nei Ching” que é o mais antigo tratado de medicina chinesa e pelo qual ela se norteou por mais de 2.500 anos. De acordo com o “Nei Ching” era indispensável à boa saúde e a felicidade uma dieta balanceada que permitisse o fortalecimento do corpo, evitando a obesidade e aumentando a longevidade.

O bem-sucedido tratamento da obesidade na Espanha do século X

O rei Sancho I, também conhecido como Sancho, “o gordo”, subiu ao trono de Leon depois da morte de seu pai no ano de 958; porém, considerado inapto por ser extremamente gordo, foi deposto por sua própria corte. A rainha mãe, sua avó, inconformada com o fato, apelou para o califa do reinado vizinho de Córdoba, que possuía um método famoso.
O rei Sancho recebeu a consulta dos médicos de Cordoba. Estreitando os laços entre os dois países. Como decorrência disso, os dois reinos, Leon e Córdoba, tiveram um longo período de paz e entendimento.

No século XII, Maimônides, médico, filósofo, jurista e astrônomo judeu nascido em Córdoba, em uma de suas obras, a “Preservação da Juventude”, já recomendava comer moderadamente e, se o indivíduo estivesse faminto e sedento, devia esperar um pouco, pois ocasionalmente a fome e a sede poderiam ser ilusórias, numa verdadeira antecipação dos ensinamentos da moderna terapêutica comportamental da obesidade.